terça-feira, 21 de janeiro de 2014
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Conceitos sobre hiperatividade
Conceitos dos autores
Muitos profissionais
da educação estão usando o termo hiperatividade, quando uma criança não para
quieta. Porém, este não é um diagnóstico fácil de realizar e o professor não
tem o conhecimento necessário e nem pode realizar exames mais aprofundados.
O Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas alguns autores usam a
terminologia Desordem em lugar de Transtorno, ficando DDAH, é um transtorno
neurobiológico mais comum na infância, caracterizado por três sintomas básicos:
a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, que se manifestam
em ambientes diferentes, tais como em casa e escola, causando comprometimento
comportamental perante o meio social.
[....] Este transtorno é considerado uma doença
relacionada à essência de produção de determinados neurotransmissores que são
substâncias produzidas em maior ou menor quantidade no sistema nervoso central
e regula o funcionamento do mesmo (Dr. Dinizar de Araújo Filho – 2003).
Para as autoras Ana
Helena do Amaral e Marilisa M. Guerreiro (p.884, 2001):
“O TDA/H é visto como a mais freqüente desordem
comportamental da infância. O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
(TDA/H) é caracterizado por padrão persistente de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade, que é mais freqüente e grave do que é tipicamente
observado em indivíduos no nível comparável de desenvolvimento.”
Segundo Sandra
Fortuna:
“A Hiperatividade é um desvio de comportamento caracterizado
pela diminuição da persistência e consistência na realização das atividades
diárias (como assistir TV, realizar tarefas escolares, participar de jogos
dentre outros) e pela excessiva movimentação de corpo (pernas, braços, mãos,
cabelo, etc.), pela impaciência constante que promovem mudanças freqüentes de
atividades, e pela capacidade de mexer em tudo, sem necessidade e sem
propósito, pela falta de limites e pela falta de noção do perigo.”(p. 03, 2003)
A Prof. Dra. Magda
Vaissman (Psiquiatra) conceitua o TDAH :
“É um padrão persistente de desatenção e/ou
hiperatividade, mais freqüente e severo do que aquele tipicamente observado em
indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento. Alguns sintomas
hiperativo-impulsivos que causam prejuízo devem ter estado presentes antes dos
7 anos, mas muitos indivíduos são diagnosticados depois, após a presença dos
sintomas por alguns anos. Algum prejuízo devido aos sintomas deve estar
presente em pelo menos dois contextos (por ex., em casa e na escola ou
trabalho). Devem haver claras evidências de interferência no funcionamento
social, acadêmico ou ocupacional apropriado em termos evolutivos. A perturbação
não ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não é melhor
explicada por um outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor,
Transtorno de Ansiedade, Transtorno Dissociativo ou Transtorno da
Personalidade).”(p. 02, 2005)
Para os autores Luís
Augusto P. Rohde e Edyleine B.P. Benczik o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (p.37, 1999): “é um problema de saúde mental que tem
três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a
impulsividade”.
Segundo a
especialista em Psicopedagogia Maria Irene Maluf, sua causa ainda não está
perfeitamente definida, mas já se sabe que diz respeito a três aspectos: o
biológico (que é a parte genética e hormonal), o psicológico e o social.
“É um transtorno de origem biopsicossocial, ou seja,
não se pode separar a causa genética da psicológica e da social. Para que a
criança desenvolva o transtorno, é preciso que ela nasça com uma predisposição
genética e ainda tenha uma estimulação do meio para desenvolver, em maior ou
menor grau, esse transtorno”, explica. (p. 24, 2006)
O TDAH é uma doença
que afeta de 3 a 5 % da população escolar infantil, comprometendo o desempenho,
dificultando as relações interpessoais e provocando baixa auto-estima. (SMITH e
STRICK, 2001)
Referências
AMARAL, Ana Helena do e
GUERREIRO, Marilisa M. Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade-Proposta de Avaliação Neuropsicológica para Diagnóstico.
Arq. Neuropsiquiatr 2001; 59(4): 884-888.
ARAÚJO, Dinizar.
Entrevista: Hiperatividade. Petrópolis.2003
FORTUNA, Sandra. Hiperatividade-
Escola: prazer ou terror? Disponível em http://www.acessa.com/vidasaudável/dicas/hiperatividade.htm. Acessado em 09 mar 2008.
VAISSMAN, Magda. Taxas de
Prevalência Periódica de Transtornos Mentais. Jornal Brasileiro de Psiquiatria,
v. 43, nº 09, 1944.
SMITH, Corinne e STRICK, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de A a Z, 1ª ed. Porto Alegre, 2001,
334p.
MALUF, Mª Irene. Aprendizagem-
Tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. São Paulo: Ed.01,
2006, 244 p.
ROHDE,
Luis Augusto; BARBOSA, Genário; TRAMONTINA, Silzá e POLANCZYK, Guilherme. Transtorno
de déficit de atenção/hiperatividade. Revista Brasileira de Psiquiatria
2000;22(Supl II): 7-11.
ROHDE, Luis Augusto P. e
BENCZIK, Edyleine B. P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade:
o que é? Como ajudar?. Porto Alegre: ARTMED Editora, 1999.
Legislação que ampara à temática
De acordo com a Declaração de Salamanca, Espanha, no
dia, 10 de Junho de 1994, cujo o 2º princípio, acreditamos e proclamamos que:
- cada criança tem o
direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e manter
um nível aceitável de aprendizagem,
- cada criança tem
características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe
são próprias,
- os sistemas de
educação devem ser planeados e os programas educativos implementados tendo em
vista a vasta diversidade destas características e necessidades,
- as crianças e
jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas
regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na
criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades,
- as escolas regulares, seguindo esta orientação
inclusiva, constituem os meios capazes para combater as atitudes
discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma
sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos; além disso, proporcionam
uma educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa
óptima relação custo-qualidade, de todo o sistema educativo.
A política de educação inclusiva, no Brasil, está
embasada na Declaração de Salamanca. Que afirma ser as escolas regulares os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias. Porém, segundo Tânia
Regina Laurindo (p.10, 2003): “Promover uma inclusão efetiva coube e está
cabendo a cada professor, a cada escola”.
Para a educadora Tânia Regina Laurindo (p.11, 2003)“O
primeiro passo da inclusão é entender e aceitar que cada criança tem um ritmo,
tendo ela uma necessidade especial ou não. Além disso, a escola precisa de um
bom projeto pedagógico”.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
9394/96, dedica um capítulo específico para a educação especial, explicitando o
papel e as obrigações sobre a adequação do ensino aos alunos com necessidades
especiais, onde poderíamos incluir o TDAH, embora não esteja citado. No artigo
59 expõe-se:
Os sistemas de ensino asseguram aos alunos com
necessidades especiais:
I – currículos,
métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender
suas necessidades;
II – terminalidade
específica para aqueles que não poderão alcançar o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível
médio ou superior, para atenção especializada, e professores do ensino regular
capacitados para a integração desses alunos nas salas comuns.
Sendo assim, a flexibilidade na implantação dos
currículos adaptados, com avaliação diferenciada e estratégias
individualizadas, é prevista e incentivada pelo órgão regulador.
Porém, segundo a fonoaudióloga Carmem Minuzzi (p. 05,
2005): “As escolas de hoje são muito conteudistas. É preciso mudar a forma de
ensinar para mudar os temas de aprender, visto que existem diferentes formas de
promover o desenvolvimento da criança”.
Esse transtorno é
reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são
protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
(ABDA)
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - ABDA.
Hiperatividade. Disponível em http://www.tdah.org.br. Acessado em 09 mar 2008.
LAURINDO, Tânia Regina. A leitura como um dos sentidos da vida.
Palavra do Professor. Campinas: Mercado de Letras, 2003, v.01, p.09-197.
História através do século - Hiperatividade
A
primeira descrição da hiperatividade data de 1902, quando um médico inglês, G.
Still, descreveu um conjunto de alterações de comportamento em crianças, as
quais, segundo ele, não podiam ser explicadas por falhas ambientais, mas
resultavam de algum processo biológico desconhecido até então.
Entre
1916 e 1927, nova onda de interesse por esse quadro clínico surgiu graças à
observação de manifestações semelhantes em crianças que foram acometidas pela
encefalite epidêmica de Von Economo. Os adultos que tinham sofrido dessa
encefalite desenvolviam como sequela um quadro parkinsoniano, ao passo que as
crianças passavam a mostrar um quadro de hiperatividade e alterações da
conduta.
O
tema das lesões de nascimento e danos cerebrais persistiu nos anos 30 e 40, na
idéia da criança com lesões cerebrais, mesmo quando nenhum indício de danos
neurológicos era encontrado. A lesão cerebral era invocada para explicar
comportamentos incontroláveis. Ao longo dessas décadas, a medicação estimulante
(anfetaminas) foi testada pela primeira vez e com sucesso, para ajudar a
algumas dessas crianças.
Essa
condição pautada nas lesões recebeu diversas denominações, ao longo do tempo:
Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome da Criança
Hiperativa, Distúrbio Primário da Atenção e Distúrbio do Déficit de Atenção,
com ou sem Hiperatividade (DDA/H).
Em
1960, Stella Chess começaram a escrever sobre a Síndrome da criança hiperativa.
Chess encarava os sintomas como parte de uma hiperatividade fisiológica, cujas
causas estariam enraizadas mais nos determinantes biológicos.
Na
década de 70, muitos pesquisadores investigaram a síndrome da hiperatividade,
Virginia Douglas no Canadá, começou a dedicar um olhar abrangente aos sintomas
associados à hiperatividade e encontrou quatro características principais: (1)
déficit de atenção e esforço; (2) hiperatividade; (3) problemas na regulação do
nível de vigília; e (4) necessidade de reforço imediato. Graças a essas
pesquisas, em 1980, a síndrome foi rebatizada como distúrbio do déficit de atenção.
(HALLOWELL, 1999)
Até
recentemente, acreditava-se que os sintomas de DDA desapareciam espontaneamente
na adolescência. Mais recentemente, Paul Wender e outros autores (1995)
descreveram casos em adultos, e o pensamento atual é que o DDA persiste em
aproximadamente 50% a 80% dos casos na idade adulta, embora o quadro clínico,
com frequência, sofra alguma modificação. Com o passar dos anos, os sinais de hiperatividade
tendem a diminuir, algumas características de impulsividade podem persistir e
os traços de desatenção são os que mais tendem a perdurar. Paralelamente a essa
mudança na apresentação do quadro, com o tempo, outros transtornos costumam se
associar ao problema básico, muitas vezes sobrepondo-se ao mesmo.
Na
literatura médica, as primeiras referências sobre os transtornos
hipercinéticos, apareceram no meio do século XIX, sofrendo constantes mudanças
de nomenclatura, pois na década de 40, surgiu a designação de “lesão cerebral
mínima”, sendo modificado em 1962 para “disfunção cerebral mínima”,
reconhecendo-se as alterações características da síndrome relacionando-a mais a
disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas mesmas. (LUIS
AUGUSTO ROHDE, GENÁRIO BARBOSA, SILZÁ TRAMONTINA e GUILHERME POLANCZYK, p. 7,
2000)
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO -
ABDA. Hiperatividade. Disponível em http://www.tdah.org.br. Acessado em 09
mar 2008.
ROHDE, Luis Augusto; BARBOSA, Genário;
TRAMONTINA, Silzá e POLANCZYK, Guilherme. Transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade. Revista Brasileira de Psiquiatria 2000;22(Supl II):
7-11.
ROHDE, Luis Augusto P. e BENCZIK, Edyleine B.
P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: o que é? Como
ajudar?. Porto Alegre: ARTMED Editora, 1999.
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